quinta-feira, 24 de março de 2011

Você consegue viver sem água?

       

  O vento sopra por entre as árvores despidas e secas
Com os seus ramos escuros e cansados
Acalma as pequeninas folhas e plantas
Que adorariam rebentar.
Entra pelos meus ouvidos e canta-me uma canção triste.
Folheio as páginas de um livro velho e gasto
Roído pelo tempo mas as letras nítidas.
Estou sentada numa cadeira de madeira
Que baloiça acompanhando o vento.
Estou sozinha, sem ninguém em redor
Sem ouvir mais nada senão o vento.
Então ouvi um pequenino som e reparei que ao meu lado
Por detrás de rochas cinzentas e frias
Corre um fiozinho de água, como um rio ainda bebé.
Fecho o livro, levanto-me, apanho o vento com a minha mão
Ando em passos grandes mas lentos em direcção a essa água.
Tem um ar tão doce, tão puro e verdadeiro
Que peguei num pedacinho dela com as palmas das minhas mãos
E provei o seu sabor.
Não era doce, nem ácida e muito menos amarga
Sabia a… sabia a vida.
Já antes tinha bebido água, mas aquela era diferente.
Os sentimentos dentro de mim mudaram o seu sabor
Lembrei-me que no mundo há muita gente que a adorava ter
E que há muita gente que a gasta sem quê nem para quê.
Porque pequenos gestos como deixar uma torneira pingar
Podem fazer daquele fino riozinho um monte de terra seca.
Só eu não chego para acabar com o que se passa no NOSSO mundo,
Por isso estou agora aqui, a ser a voz da água.
Se não querem ficar com a vossa linda bola azul
Transformada numa terra seca e sem cor
Num mundo sem nada nem ninguém
Por favor abram os olhos e poupem água!



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